sexta-feira, 9 de maio de 2025

A Linguagem dos Símbolos

O Trajeto Simbólico dos Planetas na Astrologia: Clássica vs Moderna


Desde a aurora das civilizações, os planetas foram concebidos como deuses em movimento. Suas representações simbólicas – os glifos astrológicos – evoluíram como condensações visuais de mitologias, funções celestes e princípios filosóficos. Este artigo resgata as raízes históricas desses símbolos, revelando como a astrologia clássica se diferencia da moderna não apenas nos métodos, mas também na lógica simbólica que sustenta sua cosmologia.


  1. Os Símbolos na Astrologia Clássica: Imagens da Função Divina

Na tradição clássica, os símbolos dos planetas não surgiram como abstrações. Eles eram literalmente representações dos atributos visíveis e míticos das divindades que os regiam:

  • Mercúrio (Hermes): Representado pelo capacete alado. O semicírculo superior é o par de asas; o círculo, o crânio com os olhos; a cruz, o espaço do nariz e da boca. Um símbolo de velocidade, eloquência e comércio.

  • Vênus (Afrodite): Um espelho de mão. O círculo representa o espelho em si; a cruz abaixo é o cabo. Aparece assim em moedas e arte romana. Símbolo de beleza, prazer e fertilidade.

  • Marte (Ares): Escudo com lança. O círculo é o escudo; a seta para cima, a arma. Representa virilidade, impulso, agressividade e iniciativa.

  • Júpiter (Zeus): Uma forma estilizada da letra grega zeta (Z), evocando Zeus. A aparência de um 4 é reminiscente de seu poder de expansão, justiça e proteção.

  • Saturno (Cronos): A foice do tempo. O glifo evoca o instrumento de colheita e os limites da matéria. Representa disciplina, envelhecimento e sabedoria lenta.

  • Sol (Hélio): Um círculo com ponto central, símbolo do olho divino, do centro vital, da fonte de luz e espírito.

  • Lua (Selene): Um crescente, como barco ou foice, simbolizando as fases lunares e os ciclos da natureza.

Esses símbolos foram registrados em manuscritos antigos, como:

  • Textos caldeus e sumérios: já indicavam representações da Lua e Sol com formas semelhantes.
  • Relíquias egípcias (como a Tábua de Esna): mostravam discos solares alados e luas crescentes associadas a deuses.
  • Manuscritos helenísticos e greco-romanos: Firmicus Maternus e Ptolomeu fazem menções aos atributos planetários, ainda que sem glifos padronizados.
  • Escritos árabes medievais: introduzem glifos mais estáveis para os sete planetas visíveis.

  1. O Surgimento da Codificação Moderna: Espírito, Alma e Matéria

A partir do Renascimento e especialmente com os alquimistas e esoteristas dos séculos XVI a XIX, os glifos passam a receber interpretações abstratas:

  • O círculo simboliza o espírito ou o divino.
  • A cruz representa a matéria e o mundo físico.
  • O semicírculo é a alma ou psique.

Esses conceitos aparecem em:

  • Escritos de Paracelso, Agrippa e Eliphas Levi.
  • Teosofia (Blavatsky) e Astrologia Esotérica (Alan Leo).
  • Manuais ocultistas e grimórios como Clavis Artis.

Com isso, os planetas ganham novas leituras:

  • Mercúrio: Alma (semicírculo) sobre espírito (círculo) sobre matéria (cruz). Comunicação e inteligência.
  • Vênus: Espírito sobre matéria – amor espiritualizado.
  • Marte: Espírito saindo da matéria – ação direta.
  • Júpiter: Alma sobre espírito – expansão e ideal.
  • Saturno: Alma subjugada pela matéria – limitação e forma.
  • Sol: Espírito concentrado – fonte vital.
  • Lua: Alma em mudança – sensibilidade e memória.

  1. As Grandes Diferenças entre as Duas Astrologias Tropicais
  • Astrologia Clássica

    • Foco nos sete planetas visíveis.
    • Símbolos vinculados a imagens mitológicas concretas.
    • Ênfase nas dignidades (domicílio, exaltação, termos, faces).
    • Técnica orientada para previsões objetivas.
    • Utiliza aspectos aplicativos/separativos, casas derivadas e almuten.
  • Astrologia Moderna

    • Inclui planetas transaturninos (Urano, Netuno, Plutão).
    • Símbolos reinterpretados por códigos esotéricos.
    • Inspira-se na psicologia analítica e no autoconhecimento.
    • Usa mapas natais para desenvolvimento pessoal e espiritual.

A astrologia moderna adota uma leitura simbólica mais subjetiva e integradora, enquanto a astrologia clássica preserva os métodos antigos de observação e julgamento.


  1. Resumo Histórico dos Registros de Símbolos Planetários
  • Suméria e Caldeia: já simbolizavam a Lua como foice e o Sol como disco.
  • Egito Antigo: uso de ícones solares com asas (Rá) e luas crescentes para Thoth e Ísis.
  • Grécia e Roma: consolidação dos deuses-planetários com atributos visuais claros.
  • Astrônomos helenísticos: Ptolomeu e Doroteu de Sidon associam qualidades aos planetas, mas ainda sem glifos padronizados.
  • Mundo árabe (Al-Kindi, Mashallah): transição para glifos fixos e técnicas matemáticas.
  • Europa Renascentista e alquímica: cristalização dos glifos modernos e suas abstrações esotéricas.

Um Legado Simbólico em Duas Linguagens

Os glifos planetários são sínteses visuais de toda uma tradição astrológica, mas sua linguagem varia com o tempo. Na astrologia clássica, cada símbolo era um selo funcional – um espelho, uma foice, uma lança. Já na astrologia moderna, eles se tornam fórmulas do espírito, alma e matéria.

Entender essa trajetória simbólica permite ao astrólogo caminhar com um pé na história e outro na alma humana, conciliando os céus antigos com as buscas contemporâneas.



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