O Céu que Conduz os Mortos
Por Sidnei Teixeira
"Assim como há uma hora para nascer, há uma hora para morrer — e os astros marcam ambas com precisão invisível."
Desde os primórdios da humanidade, os rituais funerários não são apenas despedidas — são portais simbólicos, que representam a passagem da alma através de estágios celestes. Astrologia e ritos mortuários sempre caminharam juntos: o mapa astral da morte revela o "céu do adeus", enquanto os rituais garantem que a alma siga sua jornada com dignidade e direção.
1. A Morte no Mapa Astral: A Casa 8 e Seus Mistérios
Na astrologia tradicional, a Casa 8 é conhecida como a "Casa da Morte". Mas sua função vai além disso: ela fala de transformações irreversíveis, heranças, tabus e renascimentos ocultos. Quando um falecimento ocorre, astrólogos antigos observavam:
- O regente da Casa 8 e seus aspectos
- O planeta Marte (cortes) e Saturno (limites)
- Trânsitos sobre a Lua (alma) e o Ascendente (porta da encarnação)
O céu da morte revela o tipo de passagem: suave, violenta, rápida, ritualizada, inesperada. Isso ajudava os antigos a escolherem o tipo de cerimônia mais adequado para honrar o espírito.
2. Rituais Mortuários: Ecos do Céu na Terra
Cada cultura, em sua sabedoria, criou rituais que imitam os ritmos do cosmos. Alguns exemplos:
- Egito Antigo: Os rituais de embalsamamento duravam 70 dias — como o ciclo da estrela Sirius, associada à ressurreição.
- Tibetanos: No “Livro dos Mortos”, os estágios pós-morte duram 49 dias, 7x7 — um ciclo lunar completo.
- Cristianismo: O velório de 3 dias reflete o ciclo lunar da “Lua Nova”, símbolo de renascimento espiritual.
3. Embalsamar com Consciência Cósmica
No ato de embalsamar, tanatopraxistas são sacerdotes da forma. Manipulam o corpo para que ele repouse com dignidade, enquanto a alma segue para o alto.
Uma prática sutil, mas poderosa:
Realizar o embalsamamento em hora astrológica apropriada — por exemplo, evitar Marte retrógrado (sangramentos), escolher a hora de Vênus ou da Lua para paz e beleza.
4. Aqui está a lista completa com os 12 signos do zodíaco e seus possíveis estilos ou preferências simbólicas para rituais mortuários, considerando a energia de cada signo:
O Zodíaco e os Tipos de Rito Mortuário
Assinaturas espirituais do adeus
Áries – Rito breve e direto. Preferência por rapidez e ação. Pouca enrolação. O espírito quer seguir logo.
Touro – Cerimônia sensual e sensorial. Flores, perfumes, tecidos finos e objetos pessoais. O corpo é valorizado.
Gêmeos – Discurso, leitura de cartas, homenagens faladas. Comunicar memórias é essencial.
Câncer – Rito familiar e acolhedor. Muitos sentimentos, lágrimas, fotos, pratos favoritos. A casa vira santuário.
Leão – Cerimônia teatral e solar. Destaque ao legado e à nobreza da pessoa. Homenagens públicas.
Virgem – Rito organizado, limpo, detalhado. Simplicidade e discrição. Tudo feito com perfeição e respeito.
Libra – Cerimônia estética, equilibrada e elegante. Música ao vivo, decoração leve, atmosfera harmoniosa.
Escorpião – Rituais secretos, noturnos ou simbólicos. Velas, intenções místicas, desejo de conexão com o além.
Sagitário – Cerimônia filosófica ou religiosa. Discursos espirituais, referências à jornada da alma.
Capricórnio – Rito tradicional, sóbrio e digno. Homenagens formais, legado ancestral, respeito ao tempo.
Aquário – Cerimônia fora do comum. Pode ser ao ar livre, com tecnologia ou em estilo coletivo. Um adeus inovador.
Peixes – Velório espiritualizado. Orações, mantras, música suave, flores brancas e devocionais. Atmosfera transcendental.
5. O Céu Após a Morte: A Jornada da Alma
Antigos astrólogos como Plotino e Ficino falavam de um retorno da alma através das esferas planetárias:
- A alma sobe por Saturno (limite da matéria)
- Passa por Júpiter (o juiz)
- Por Marte (provas)
- Por Vênus (o amor vivido)
- Por Mercúrio (lições aprendidas)
- Pela Lua (memória e purificação)
- E retorna ao Sol, o centro
Cada planeta, neste caminho, filtra a alma, testando o que ela desenvolveu em vida.
Epílogo: Entre Céu e Terra
Enquanto o embalsamador cuida do corpo, o astrólogo observa os céus. Ambos, em silêncio, cuidam da travessia. Pois a morte, longe de ser o fim, é o grande retorno ao ritmo do cosmos.
"Todo corpo volta à terra. Toda alma, ao céu. Mas os ritos — e os astros — ajudam a alma a não se perder no caminho."
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